Um dia que ele estava lá, pegando uns lambarizinhos para levar pra casa, encostou um menino ao lado dele.
Antes que eu tivesse programa, escrevesse livro e tudo mais, meu pai já sabia que eu gostava muito de causo. Então às vezes ele vinha me contar umas coisas que era pra depois eu contar para outras pessoas. Mesmo já velhinho, ele gostava muito de pescar. Todo dia saía com duas ou três varinhas pra beira do rio Sapucaí.
Um dia que ele estava lá, pegando uns lambarizinhos para levar pra casa, encostou um menino ao lado dele. Era um molequinho espoleta, de uns sete ou oito anos, filho desses barranqueiros que moram na beira do rio. Só que o garoto chegou lá, sentou num canto e não saiu mais. Meu pai puxou a vara, pegou um lambari, colocou outra minhoca na vara. E de novo. E mais uma vez. Toda hora que ele olhava para trás, o menino continuava lá, acocoradinho, só olhando. Não abriu a boca pra falar nenhuma palavra, e também mal se mexeu.
Meu pai continuou a pescaria. Só que ele contou no relógio três horas e o menino lá, do mesmo jeito. Aí se zangou e resolveu falar com ele:
– Ô, menino, pega aqui uma varinha e venha pescar comigo, ara!
E o menino:
– Vou nada. Tenho paciência não, moço..
Escrito por: Rolando Boldrin
Fonte: www.almanaquebrasil.com.br
* Não sei se isto vai servir de algo importante para o seu cotidiano, mas pense nisto...rs
Muito bom!
ResponderExcluirRolando Boldrin sempre nos brinda com seus causos maravilhosos.