Durante mais de 500 anos o Brasil sempre foi governado por uma minoria elitista e sua política pública voltada para este grupo. Esta é a principal explicação do Brasil ser um país com grande desigualdade social. Lembro bem, em 2002, o Brasil tinha 90% da sua população com apenas 10% da riqueza produzida. Era desigual também no acesso as universidades públicas, onde o vestibular servia para "filtrar" entre os que estudaram em escolas particulares, oriundos dos cursinhos e os que estudavam nas escolas públicas e sem ter condições de pagar um pré-preparatório.
O Enem e o ProUni vieram dar outras oportunidades aos alunos oriundos das classes menos favorecidas da nossa sociedade. É só olhar a classe médica e ver que na sua grande maioria são profissionais oriundos da classe média e com poucos negros, estes são traços que mostram claramente o "filtro social" a que me referi acima. Isto sem falar nas desigualdades raciais e no acesso ao mercado de trabalho.
Nos últimos dez anos, o governo brasileiro, apresentou e implementou uma série de políticas públicas que visam mudar a cara do Brasil, tanto na economia, como na questão social e profissional. Mas o que está em jogo no processo eleitoral de 2014, que já foi antecipado, infelizmente, pela mídia e as elites, é a recuperação do maior espaço decisório do país e "colocar o Brasil no seu leito natural".
Mas o que seria este leito natural?
O Brasil sempre foi um país governado por pessoas saídas das classes mais favorecidas, como fala o povão: "Com berço de ouro". As elites foram criadas e educadas, para mandar numa maioria e a maioria educada para ficar calada e "aceitar as ordens". É assim nas empresas e sempre foi assim no país. Este é o leito natural. A eleição do Lula, no final de 2002, inverteu esta lógica. Foi eleito para Presidente do Brasil, um indivíduo vindo das classes menos favorecidas e pior, um retirante nordestino. Que passou a comandar o país, com competência e fazendo um governo que trabalhou e trabalha - afinal a Dilma é do PT e o Lula também - para diminuir as desigualdades sociais, que eles criaram. As elites não aceitam em nenhuma situação que um operário, nordestino e retirante - como já relatei - possa dar as cartas na política brasileira.
Na sua ótica, um operário foi feito para ser mandado e não mandar e ter poder,é a inversão de tudo que as elites aprenderam. É isto que está em jogo em tudo que vem acontecendo no país. Querem criar uma imagem que tudo não presta no Brasil, inclusive, chegam ao absurdo, de tentarem achar algo positivo no governo FHC.
O processo eleitoral começou e o povo brasileiro precisa ficar de olhos bem abertos para mais uma tentativa de levar o país para o "seu leito natural".
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