Acho super importante as manifestações que estão ocorrendo em todo o país, exigindo melhoria na educação, saúde e principalmente da classe política, que tem que entender, que um mandato parlamentar, antes de mais nada é uma representação, dada pelo povo durante um processo eleitoral, não é uma carta em branco assinada, para o parlamentar fazer o que queira com isto. Acho que os protestos tem que ser feito sem violência, para ganhar a sociedade, para a luta de um Brasil cada vez mais justo.
Muita coisa avançou no Brasil nos últimos 10 anos, mas muito ainda falta ser feito e as vozes das ruas, são super importantes para aprofundar cada vez mais este processo de mudança, que vivemos no país. Mas as manifestações vem acabando sempre em violência e atingindo a toda a população e com isto perdendo cada vez mais apoio popular.
Venho cobrando que os partidos tomem posicionamento público sobre a ação e a presença do Grupo Black Blocs nas manifestações, inclusive o partido do qual sou filiado, o PT. Por isto, não poderia de deixar de registrar aqui neste espaço, que o PSTU - partido que tenho uma profunda divergência política - foi o único que tomou esta atitude até agora. Vejam abaixo a nota do partido, que foi divulgada no Jornal Opinião Socialista.
Diz a nota:
Os black blocs defendem a “propaganda pela ação”. Ou seja, defendem a utilização do método das depredações das fachadas de bancos, empresas, lojas de grifes e tudo o que simboliza o capitalismo porque, assim, estariam enfraquecendo o sistema.
Nós, do PSTU, não temos nenhum apreço por essas instituições. Muito pelo contrário. Mas, consideramos que esses métodos não enfraquecem os grandes empresários. Ao contrário, lhes dão um argumento para jogar a opinião pública – e muitos trabalhadores – contra as manifestações e, assim, preparar a repressão. Sua “ação direta” é típica de setores de vanguarda, descolados das massas, que terminam por fazer o jogo da direita, justificando a repressão.
Os black blocs afirmam que fazem o que fazem para reagir à opressão policial cotidiana. Eles depredam, digamos, uma agência do Itaú. A PM reage como a PM. Eles apanham. No protesto seguinte, eles quebram mais algum símbolo do capitalismo. A PM reage. Eles apanham de novo. E la nave va. Até tudo terminar no Facebook.
Nas grandes mobilizações, houve momentos em que milhares de pessoas se defenderam como puderam dos ataques violentos da polícia. Naturalmente, acreditamos que essas atitudes foram totalmente legítimas.
Os “Black Blocs”, porém, têm uma ação distinta. Entram nas passeatas e, sem que tenha havido qualquer deliberação por parte dos manifestantes ou dos grupos que organizaram o protesto, atacam de forma provocativa a polícia, que reage, sistematicamente, reprimindo e muitas vezes acabando com as mobilizações. Agem como provocadores da repressão policial, tendo sido responsáveis, muitas vezes, por acabar com várias passeatas. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro, nas últimas manifestações pelo “Fora Cabral”. Esses grupos são apenas “radicais” na metodologia. Não têm um programa revolucionário. Qual é o programa defendido pelos “Black Blocs”? Isso não é respondido por nenhum dos portais ou comunidades nos quais eles estão agrupados. Isso só pode ser explicado por um desprezo a qualquer programa, como se bastasse quebrar uma loja para derrotar o capital.
Os “Black Blocs”, evidentemente, não defendem a revolução socialista. Muitos de seus integrantes reivindicam o anarquismo, mas na verdade param na radicalização da democracia como horizonte político. Ou seja, no programa acabam sendo moderados.
Não somos, nem nunca fomos pacifistas. Mas é a violência das massas, e não de um pequeno grupo, que poderá fazer a revolução. As ações desses pequenos grupos facilitam a repressão da polícia contra as massas nas passeatas.
É preciso deixar claro a inconsistência no programa e na ação desses grupos que, na verdade, são reformistas e radicais apenas na ação. Existem muitos ativistas sérios que se deixaram atrair pelos “Black Blocs” e já começaram a ver os problemas. Agora, é necessário que reflitam sobre isto.
Provavelmente ninguém vai refletir muito. A página dos black blocs de São Paulo postou uma resposta falando em “horizontalidade”. Embaixo do post, um dos comentários falava o seguinte: “Fora do Eixo não dá”.
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