OS BLACK BLOCS ISOLAM OS MOVIMENTOS SOCIAIS
Já alguns meses os movimentos sociais saíram às
ruas com diversas reivindicações. Conseguiram, depois de um longo e tenebroso
inverno, realizar eventos de massa com grande participação popular e o poder
público, perdeu o "tato" de lidar com estas legitimas manifestações.
A truculência por parte do estado levou ao encorpamento e deu uma nova pauta aos
manifestantes.
As recentes manifestações dos professores, em
greve, na cidade do Rio de Janeiro deram mais uma prova que o diálogo é o
melhor caminho contra a radicalização. Dialogar a exaustão, até com
aqueles que preferem outros caminhos e assim mostrar a toda sociedade, os
verdadeiros objetivos daqueles que não estão buscando uma educação pública de
qualidade. O dialogo vinha sendo feito e ele se perdeu em algum momento.
Na última segunda-feira, tivemos no centro da
cidade uma grande manifestação em apoio à greve dos professores. Tenho a
certeza que a violência da polícia afastou muitos manifestantes, tenho vivencia
de anos dentro do movimento sindical de massa e sempre a polícia não conseguiu
lidar com os movimentos reivindicatórios, tratando o trabalhador em luta, como um
marginal ou meliante. Este tipo de incompreensão, levou a radicalização e o
aparecimento de uma brecha para a atuação violenta dos Block Blocs, violência
esta que também afastou muitos manifestantes. Este grupamento faz a política da
negação, nega o sistema, a organização dos trabalhadores, dizem inclusive, que
isto é um produto do capital e a manifestação pacifica, não ataca diretamente o
sistema, renegam inclusive as organizações democráticas de esquerda. Alguns
chegam a serem pautados pela direita fascista e parte deles nem pauta têm. Puro anarquismo.
Só que suas ações não são próprias, eles não
chamam manifestações, afinal não conseguiriam juntar muita gente. A sua tática
é "sequestrar" as manifestações de massa, chamadas pelos movimentos
sociais e ali implementar a sua "violência" achando que assim estão
atacando o coração do capital. Muitos que os defendem, falam que estou
desviando o foco das críticas a Polícia Militar. Não é verdade, quero apenas
alertar para o buraco que as categorias em luta estão entrando e se isolando da
sociedade, que até o momento apoia as manifestações.
Não posso aceitar que eles destruam uma banca de
jornal, de um empreendedor, que deu parte de sua vida para construir aquele
negócio. Conheço um perto da Cinelândia, que entrou em desespero. Foi
praticamente perda total. Terá que recomeçar tudo de novo, porque este
grupamento diz que sua atividade, reproduz a voz do capital, através de jornais
e revistas.
Não tenho dúvidas que sem o Black Blocs, mais de
300 mil estariam na caminhada da última segunda-feira. Agora é preciso que as
lideranças dos movimentos sociais, consigam construir uma separação entre as
suas justas reivindicações e a revolução anarquista ou pagarão um preço muito
alto, que será o isolamento.
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