A categoria de jornalistas está conhecendo nestes dias os efeitos nefastos do capitalismo selvagem, que neste caso se traduz por uma ação de um patronato conservador que joga para a plateia, no caso leitores, telespectadores e ouvintes, posando de democrata.
Para evitar questionamentos, esse patronato midiático omite fatos relacionados com a campanha do reajuste salarial dos trabalhadores de imprensa neste ano de 2015.
Recentemente, após marchas e contramarchas, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio aprovou projeto estabelecendo a vigência de um piso salarial de R$ 2.432,00 (dois mil e quatrocentos e trinta e dois reais), válido para todo o território fluminense.
O patronato, tanto da capital como do interior, se insurgiu contra a medida e o que é pior, pressionou trabalhadores para aceitarem a vigência de pisos salariais abaixo da (agora) lei. Exigiram, atravessando a legislação, que trabalhadores aceitassem a redução do piso legal para R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais).
As Organizações Globo nesta história se superaram em matéria de capitalismo selvagem. Conseguiram que alguns jornalistas fossem para uma assembleia da categoria levar uma carta não reconhecendo a assembleia que foi convocada para confirmar que qualquer negociação salarial teria de respeitar a legalidade, ou seja, a vigência do piso salarial que é lei no Estado do Rio.
Mais de 150 jornalistas que participavam da assembleia repudiaram a atitude do esquema Globo e não deram bola para a proposta apresentada. A assembleia decidiu, por maioria absoluta, que a diretoria do sindicato mantivesse na negociação salarial a proposta do piso de dois mil e quatrocentos e trinta e dois reais.
Não poderia ser de outra forma, porque se fosse ao contrário, a diretoria se enquadraria no esquema pelego ainda vigente em alguns sindicatos de trabalhadores, esquema esse, lamentavelmente, defendido por um grupo de trabalhadores jornalistas do esquema Globo. E ainda por cima, vale sempre repetir, estaria contrariando a lei.
É importante que telespectadores, leitores e ouvintes sejam informados sobre tais fatos, que segue com capítulos desabonadores ao grupo de trabalhadores que se presta ao papel de portador de uma proposta do patronato midiático, nefasta aos interesses da maioria da categoria.
Alguns desses jornalistas (da Globo) alinhados com o patronato que tem auferido grandes lucros em plena crise (por sinal, bastante propalada diariamente pelos próprios proprietários midiáticos), não se contentaram com o papel nefasto exercido por eles de vergonhosamente levar o recado do patronato em uma assembleia da categoria.
Partiram para as redes sociais detratando alguns diretores do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ). E aí utilizaram o recurso, também lamentável, lembrando a longa noite escura de 21 anos da ditadura empresarial militar que se abateu sobre o Brasil, período este defendido por grupos do mesmo patronato que hoje não aceita cumprir a lei.
Citando nominalmente dirigentes sindicais jornalistas, os pelegos da Globo acusaram membros da diretoria de estarem engajados em partidos políticos de esquerda. Ou seja, repetiram o que faziam as autoridades na época do arbítrio para perseguir a quem a eles se opunham.
Os jornalistas pelegos que se valem das redes sociais repetindo estratégia da época da ditadura, tentaram dessa forma descaracterizar a justa luta pelo respeito à legislação defendida pela diretoria sindical.
Os jornalistas pelegos esqueceram que numa democracia os cidadãos têm todo o direito de se filiar, ou não, a qualquer partido político. E no caso dos diretores do SJPMRJ ao exercerem a função sindical não representam partidos políticos, mas sim a uma categoria que pensa de forma plural.
Nessa estratégia, os referidos globais se valem da manipulação da informação para atingir o objetivo de queimar quem defende os interesses da maioria da categoria dos jornalistas, fato que contraria o patronato.
Para desarmar essa manobra vergonhosa, é importante que o que está acontecendo neste momento entre jornalistas seja informado a telespectadores, leitores e ouvintes.
O patronato e seus prepostos contam exatamente com a desinformação e a manipulação da informação, da qual são mestres, para tentar convencer quem desconhece a verdade do que está acontecendo neste momento com os jornalistas e como age esse setor empresarial que tenta se apresentar ao público como democrata.
Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA
Programa de TV trasnmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
Fonte: Correio do Brasil
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