Mesmo com a sequência de lucros, os bancos fechados 2.347 postos de emprego bancário em todo o país, nos quatro primeiros meses de 2018. São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná foram os estados com maiores saldos negativos. Foram, ao todo, 8.933 admissões e 11.280 desligamentos no mês. Somente em março, os bancos fecharam mais de 121 postos de trabalho pelo país.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam ainda que São Paulo registrou 58,1% das admissões e 65,5% do total de desligamentos, apresentando o maior saldo negativo no emprego bancário no período analisado, com 663 postos fechados no ano. Rio de Janeiro e Paraná foram os estados que mais fecharam postos, depois de São Paulo. Foram fechados, respectivamente, 462 e 323 postos. O Pará apresentou o maior saldo positivo (95 postos).
Para Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, a pesquisa deixa clara a falta de responsabilidade social dos bancos. “É inadmissível que ao mesmo tempo que os banqueiros lucram cada vez mais, eles cortem postos de trabalho. Toda a população é atingida, pois aumenta o desemprego no país, sobrecarrega os profissionais que continuam empregados nas instituições e prejudicam a qualidade do atendimento aos clientes. Isso, sem comentar as altas taxas de juros executadas no País.”
A situação é mais alarmante se levarmos em conta que, desde janeiro de 2016, apenas em 4 meses os saldos foram positivos (janeiro de 2016, julho e novembro de 2017 e janeiro de 2018).
De acordo com dados dos balanços das instituições financeiras, os cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) eliminaram 16,9 mil postos de trabalho somente em 2017. Levando em conta todo o setor bancário, segundo o Caged, o número de vagas extintas no ano passado chegou a 17,5 mil.
Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander – os quatro maiores bancos múltiplos com carteira comercial que atuam no país –, lucraram R$ 17,4 bilhões apenas nos três primeiros meses de 2018.
No período, o Banco do Brasil atingiu lucro líquido ajustado de R$ 3 bilhões, crescimento de 20,3% em relação ao primeiro trimestre de 2017. O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 5,1 bilhões, alta de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O Itaú obteve lucro líquido recorrente de R$ 6,4 bilhões, crescimento de 3,9% em relação a igual período do ano passado. O Santander alcançou lucro de R$ 2,9 bilhões, alta de 25,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Caixa ainda não divulgou seu lucro trimestral, e junto com os outros quatro bancos citados acima, responde por aproximadamente 90% dos empregos do setor bancário.
Os bancos não lucram apenas com o fechamento de postos de trabalho. A alta rotatividade com redução salarial é outra maneira encontrada por esses conglomerados para aumentar os ganhos.
De janeiro a abril, os bancários admitidos recebiam, em média, R$ 4.007, enquanto os desligados tinham remuneração média de R$ 6.607. Ou seja, os admitidos entram ganhando 61% do que os que saem.
A discriminação de gênero é outra realidade nos bancos. Em abril, as bancárias mulheres foram contratadas com média salarial de R$ 3.245, o que equivale a 72% do salário médio dos bancários homens, que no mesmo mês foram admitidos com média salarial de R$ 4.488. As bancárias demitidas recebiam, em média, R$ 5.549, equivalente a 73% do salário médio dos homens desligados que ganhavam R$ 7.579.
Fonte: Contraf-CUT
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