Amigo e seguidor do nosso Blog, Sérgio Vianna, postou um comentário muito interessante e que estamos reproduzindo com uma pequena redução.
VIOLÊNCIA NO CAMPO
A Câmara Federal realizou nesta terça-feira (07/06), uma comissão geral para debater o aumento da violência e da impunidade no campo. Fruto dos quatro assassinatos em pouco mais de uma semana no Pará e Rondônia, todos de líderes do meio ambiente e de defesa da Amazônia, marcados para a morte que se confirmou, a cerimônia pode ser mais uma daquelas que todos entendem ser de “apaga incêndio”.
Mas talvez seja o início de uma grande mobilização do Governo Federal que compareceu ao evento sob a representação de cinco ministros: José Eduardo Cardozo (Justiça), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Gilberto Carvalho (Secretário-geral da Presidência da República).
Mais importante que o evento as vozes e os gritos que ecoaram no plenário – as mesmas de algumas décadas – deveriam ser reproduzidos aos quatro cantos do Brasil pela rede de blogs progressistas, haja vista ser um assunto que não motiva o PIG.
Tentando fazer alguma coisa colho algumas que registrei:
“O combate à violência no campo precisa ser seguido de políticas públicas, que passem pelo fortalecimento do INCRA e pelo processo de reforma agrária”.
Carlos Augusto Santos Silva - presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetrag-PA)
“O modelo de desenvolvimento adotado para a região amazônica é a raiz dos conjuntos de injustiças sociais e de violência na região, pois onde há conflito é exatamente onde não há a presença do Estado brasileiro”.
José Ulisses Manasses – membro da coordenação estadual dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
“Nos últimos 20 anos, só no Pará, 700 trabalhadores, religiosos, advogados e ativistas políticos foram assassinados, mas menos de 3% dos mandantes desses crimes foram levados a julgamento”....“O aparato estatal do Pará está ligado ao latifúndio e procura criminalizar os que lutam pela paz no campo”.
Paulo Fonteles Filho – pesquisador e representante do Instituto Paulo Fonteles e integrante do Grupo de Trabalho Araguaia
“Polícia Federal, INCRA e IBAMA não atuaram diante das denúncias alegando que não havia recursos para isso”.
Rafael Oliveira Claros – advogado da Associação dos Camponeses do Estado do Amazonas
“Espero que as ações anunciadas pelos ministérios tenham continuidade. Eu acredito, mas desconfio. Tenho o pé atrás, porque já vi muitos companheiros assassinados”.
Atanagildo de Deus Matos – diretor estadual do Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS/PA)
“Peço agilidade. A gente sabe quem são os assassinos. Queremos olhar para a cara deles e saber que serão punidos”.
Claudelice Silva dos Santos – representante do Conselho Nacional Populações Extrativistas (CNS)
“O programa de proteção às pessoas ameaçadas de morte da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (Pró-Vida) não quis ouvir o nosso caso”....“Nós, no Pará, temos certeza de que todo mundo que está nessa lista morre”.
Laísa Santos Sampaio – irmã de outra trabalhadora do campo assassinada
“Já o novo Código Florestal levou os fazendeiros da Região Norte que desmatam a floresta se sentirem vitoriosos com a aprovação pela Câmara”.
Padre José Amaro Lopes – integrante da Comissão Pastoral da Terra
“Para solucionar o problema, o governo federal tem de promover a ocupação do campo da mesma maneira que fez nas áreas violentas do Rio de Janeiro, com as UPP’s”.
Amauri Teixeira – deputado federal (PT-BA)
“A única forma de conseguir justiça no campo é por meio da reforma agrária e assim combater o aumento da violência e da impunidade no campo”.
João Ananias – deputado federal (PCdoB-CE)
“Não há continuidade das investigações, no caso de denúncias levadas ao conhecimento dos governos estaduais”....“A maioria dos casos tem andamento tão longo que não chegam a uma análise final”.
Maria do Rosário – deputada federal (PT-RS) e ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
"E pra minha total surpresa, até me belisquei pra ver se estava mesmo acordado, a REDE GLOBO, em seu JORNAL NACIONAL, edição desta mesma terça-feira, dia 7 de junho, faz uma reportagem sobre o tema e reproduz as declarações colhidas na Comissão Geral realizada na Câmara Federal.
Trouxe a público uma boa parte dos conflitos verificados no Pará, que de resto se alastram para outros Estados, pricipalmente os do norte do país, em toda a região amazônica.
Sérgio Vianna