Nunca imaginei que chegaríamos a uma situação tão grave financeiramente, mesmo com sucessivas gestões amadoras e com dirigentes sem nenhuma visão de mercado atual do futebol. Chegamos ao fundo do poço e somos iluminados, pela oportunidade de um projeto de investimento, num momento tão delicado da nossa história.
O que vem perdurando até agora no Botafogo, são dirigentes preocupados com os seus "títulos honoríficos", tanto que tivemos que assistir dirigentes sendo indicados em massa para Beneméritos e Grandes Beneméritos, inclusive dentro da própria gestão, preferindo abdicar do chamamento aos grandes alvinegros e pensar coletivamente um planejamento estratégico para o próximo período. Achavam piamente que sozinhos poderiam resolver o grave problema do clube, afastando todos aqueles que simplesmente, viam que o caminho estava errado.
Agora, resta a esperança que o futuro possa ser melhor com a proposta de investidores interessados no futebol alvinegro. A animação aumenta quando percebemos que estes mesmos investidores tomaram a decisão pela paixão e também pela razão, buscando uma alternativa para preservar seus investimentos do amadorismo que sempre imperou no clube.
Lembro numa conversa com o Carlos Augusto Montenegro, em que ele disse que o meu sonho de dirigir o clube estaria mais longe, se este processo fosse adiante. Respondi: "Prefiro ser passageiro de um trem bala, que dirigir uma carroça", coisa que infelizmente, transformaram o nosso amado Botafogo de Futebol e Regatas.
UM APELO A TORCIDA ALVINEGRA
Estamos num processo de deterioração do maior patrimônio do clube, sua torcida, que se encontra cansada e humilhada com tantos insucessos. Foram 21 anos sem nenhuma conquista e depois da quebra do jejum, veio um alento na década de 90, com o Bi-Carioca 89/90, com a Conmebol, em 1993, mas logo após o título brasileiro de 1995 e a perda da Copa do Brasil de 1999, com o maior público da história da competição, veio outro período, apenas com conquistas regionais. Já são 24 anos sem uma conquista nacional.
Um botafoguense de 30 anos, só viu conquistas regionais, derrotas e eliminações doloridas. Talvez isto explique o sumiço da torcida. Nossa força e a nossa voz vem enfraquecendo a cada ano. O clube internamente todo dividido, uma torcida que não consegue sequer puxar um grito de guerra em conjunto, com quatro principais torcidas organizadas que disputam o protagonismo. Quando jogamos no estádio Nilton Santos, a Loucos puxa a sua música, a TJB, logo ao lado, puxa outra, no setor norte, a Resistência vem com outra e a Fúria (que se faz presente mesmo com a proibição de materiais), com outra. Assim muito barulho e pouca efetividade no apoio ao time.
Falo isto, sem o propósito de colocar a culpa nas organizadas, reconhecendo sua importância neste processo, mas apenas para pensar que agora será preciso se despir das vaidades e cada um de nós fazer a nossa parte, o coletivo precisa demonstrar força e dizer ao Brasil que ainda estamos vivos e pujantes, que a Estrela Solitária ainda brilha e forte. A cada jogo o canto tem que ser um só, a presença precisa ser maior, a paixão pelo Glorioso precisa voltar a emocionar e criarmos um clima de mudança, que não virá instantaneamente, mas que existe a esperança de dias melhores. É isto que nos move.
Vamos deixar a magia da Estrela Solitária tocar a cada um de nós, abraçar e cantar juntos com aqueles que já estão nos estádios e não abandonaram o Glorioso. Vamos reforçar este canto e a cada jogo, mesmo que houver derrotas, cantar mais alto, SOU BOTAFOGO!
Aquela faixa É TRADIÇÃO! NÃO É MODA! Tem que nos acompanhar em todos os jogos, ela será o símbolo de uma recuperação, que muitos não estão acreditando, mas ela é possível!
EU ACREDITO! SOU BOTAFOGO E NÃO VOU DESISTIR NUNCA!
Vinicius de Assumpção - Sócio Proprietário