Jornal Bancário: Qual a sua avaliação da campanha salarial de 2008?
Vinicius - Foi uma campanha dura, com a categoria lutando, como sempre, contra a ganância dos banqueiros. Apesar dos altos lucros, os bancos tentaram de todas as maneiras retirar direitos. Nós procuramos avançar nas conquistas, conseguimos um reajuste que chegou a 10% e que poucas categorias conseguiram. Melhoramos a parcela básica da PLR (80% para 90% do salário), subimos o piso de 2 para 2,2 salários. Tivemos problemas na parcela adicional e que estamos negociando banco a banco. A atual regra é injusta e precisa ser melhorada. Realizamos uma grande greve, a maior desde o início dos anos 90 nos bancos privados. Portanto, a avaliação foi positiva. Mas temos ainda muito o que conquistar: melhorar os salários, a redação da PLR, as nossas condições de trabalho e, principalmente, arrancar a garantia no emprego. Mas só vamos garantir melhorias e conquistas com muita luta, mobilização e unidade. Bancário.
Como você avalia a sua gestão à frente da diretoria do Sindicato e quais foram os principais avanços para a categoria e para a entidade?
Vinicius - Realizamos muitas mobilizações em todas as campanhas salariais. Realizamos greves muito fortes. Conseguimos avançar e recuperar várias cláusulas específicas dos bancos públicos, já que esta parcela da categoria tinha uma série de direitos que eram inferiores aos demais bancários. Avançamos na organização e na participação dos bancários junto ao Sindicato. Melhoramos a forma de distribuição da PLR nos bancos públicos e nos privados e conquistamos várias cláusulas específicas nos bancos privados. Além disso, reforçamos a unidade de ação da categoria. O Sindicato do Rio é o que mais reintegra bancários no Brasil. Na parte estrutural da entidade tivemos importantes realizações: melhoramos a saúde financeira da entidade, entregamos uma nova sede moderna e bonita, para melhor atender a categoria, trocamos toda a frota de carros da entidade, compramos uma sprinter, o Sindicato Móvel, que aproximou ainda mais a entidade da categoria. Realizamos uma ampla reforma na sede campestre para o lazer dos bancários.
Bancários - Banqueiros e empresários se aproveitam da crise internacional para retomar o ataque aos direitos trabalhistas e demitir trabalhadores. Qual será a estratégia do Sindicato em 2009 para enfrentar essas ações patronais nos bancos, especialmente a política de demissões?
Vinicius – Vamos reforçar a mobilização e a unidade da categoria em todos os locais de trabalho. Só assim poderemos enfrentar os tubarões do sistema financeiro nacional e internacional. Esta crise não foi fabricada pelos trabalhadores e sim pela ciranda financeira e demonstra claramente a fragilidade do sistema capitalista. Vamos enfrentar um período duro, com a concentração cada vez maior do sistema financeiro, como é o caso da fusão do Itaú com o Unibanco. O trabalhador não pode e não vai pagar pela crise.
Como está a campanha permanente do Sindicato contra a prática de assédio moral?
Vinicius - O assédio moral é uma praga que os banqueiros se utilizam para tentar, através do terrorismo, aumentar a produtividade nas empresas. É um problema que atinge os bancários do setor privado com a ameaça de desemprego e, nos bancos públicos, com descomissionamento e transferência. O assédio moral resultou hoje num exército de lesionados e entre eles uma boa parte com a síndrome do pânico. O Sindicato, através da Secretaria da Sáude da entidade, mantém um campanha permanente nos locais de trabalho, procurando mobilizar e esclarecer os bancários sobre seus direitos. Temos uma cartilha explicando como ocorrem as situações do assédio moral, além de ações também na área jurídica e atuações em parceria com outras entidades para combater essa terrível forma de violência.
Como você avalia a situação dos funcionários do Banco do Brasil e dos empregados da Caixa Econômica e as expectativas para os bancos públicos neste ano?
Vincius - O Banco do Brasil fez 200 anos em 2008 e o que mais faltou ao banco foi a valorização do seu quadro funcional. Hoje a situação é muito ruim, quem é antigo espera o tempo para se aposentar e os mais novos esperam apenas um concurso melhor para também ir embora. Isto é fruto da falta de compreensão da direção do BB de que foram os funcionários que tornaram a instituição o maior banco do Brasil. Na Caixa é ainda pior, com a direção da empresa adotando o terrorismo e práticas usuais dos bancos privados, como a ameaça dos descontos dos dias parados, que visa coagir os bancários em futuras mobilizações. Este “pessoal” esqueceu que a greve é um direito legítimo do trabalhador e muitos que hoje estão na direção da empresa se utilizaram deste direito. Desde 2003 avançamos em várias cláusulas especificas dos bancos públicos, mas ainda temos que avançar em muitos pontos e conquistar a isonomia plena, o fim da lateralidade e a valorização dos bancários. Não tenho a menor dúvida de que este ano a nossa mobilização será ainda mais forte.
Como foi a experiência de se candidatar a vereador nas últimas eleições municipais e qual a sua opinião sobre o resultado do pleito?
Vinicius - Foi muito interessante, estressante e muito difícil. Quando você quer conquistar não apenas o voto, mas também mentes e corações, fazendo uma campanha limpa e na base de propostas, as dificuldades aumentam. Não estávamos representando uma vontade pessoal, como era a maioria das candidaturas, e sim um projeto político e coletivo. Obtivemos mais de 8 mil votos, uma das maiores votações de todo o município. Faltou pouco. O triste foi chegar perto e ver candidaturas ligadas ao crime organizado se elegerem.Os bancários do Rio de janeiro precisam entender que precisamos ter representantes no Parlamento para defender os nossos interesses e da classe trabalhadora. O resultado final foi positivo e vitorioso politicamente. Agora é continuar a travar o debate com a categoria sobre a importância de termos nossa representação parlamentar. Somos o segundo maior Sindicato de Bancários do Brasil e hoje não temos nenhum representante na Câmara dos Vereadores.
Apesar da crise econômica, quais as suas expectativas para a categoria em 2009?
Vinicius - Minhas expectativas são sempre positivas, ainda mais quando se tem uma categoria aguerrida como esta. Em função da crise este vai ser um ano, com certeza, de muita luta e mobilização. Não adianta o bancário se esconder atrás da mesa achando que o banqueiro não vai se lembrar dele. O melhor remédio contra as demissões é atuarmos todos juntos com o Sindicato. Só assim vamos conseguir barrar a ganância e preservar nossos empregos neste cenário crítico.
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