terça-feira, 24 de julho de 2018

2018, O ANO QUE AINDA NÃO CHEGOU.

Apesar de não concordar com o fato de que o Lula não conseguirá ser candidato, o texto é uma boa análise política atual.

*Por RUI ROOSEVELT

Os golpistas que afastaram Dilma Rousseff do poder contavam com que a recuperação econômica viria já no final de 2017, e que ela se transformaria no grande carro-chefe das eleições de 2018. Deu errado. Depois de jogarem a economia no fundo do poço, como estratégia de sua recuperação, conseguiram que a inflação caísse bem abaixo da meta estabelecida, os juros recuassem para 6,5%, os investimentos do governo fossem zerados, e, em consequência, o desemprego bateu aos 14 milhões de pessoas e o consumo despencou. A expectativa de crescimento para este ano, que girava em torno de 3,5%, não virá. Os mais otimistas do mercado e do próprio governo já admitem crescimento em torno de no máximo 1,5%, com tendência de queda. Além disso, os indicadores sociais de bem-estar caíram: a pobreza, a desigualdade social, a mortalidade infantil voltaram a aumentar.

Com a economia paralisada, o projeto “Uma Ponte para o Futuro” ficou no passado. Não conseguiram entregar os compromissos assumidos pré-golpe: privatizar a Eletrobrás, fazer a reforma da previdência, e até mesmo o teto dos gastos públicos está sendo questionado por aqueles que o aprovaram. Com o dólar em alta, aumentam as expectativas inflacionárias, e os juros entram em compasso de espera.

Com esses resultados, o “Presidente” Temer colhe os mais baixos índices de popularidade, fazendo com que sua base de apoio no Congresso se fragmentasse ao ponto de não conseguir definir, até agora, um candidato realmente competitivo para a disputa das eleições presidenciais.

O funil eleitoral vai se estreitando, e hoje, na política real, o Centrão – bloco formado pelo DEM, PP, PRB e SD, com a possível inclusão do PR – que dá ou dava sustentação ao governo, estava dividido até a semana passada entre apoiar alguém de fora, Ciro Gomes (PDT), ou alguém de dentro, Geraldo Alckmin. O certo é que esse “Blocão” – como é chamado pela imprensa – tem muita força política, com palanques em todos os estados, e conta com muito dinheiro e tempo de televisão. Porém não é de todo certo que ele - o “Blocão”- se mantenha unido até o fim em torno de um único candidato. O fisiologismo é tamanho e os interesses regionais prevalecentes que não está descartado que oficialmente o “Blocão” apoie um determinado candidato, e alguns partidos desse “Blocão”,  em seus estados, ofereçam palanques a outros presidenciáveis.

Enfim, as notícias do final de semana nos dão conta de que o “Blocão” irá apoiar Geraldo Alckmin. A preferência por Alckmin se dá pela aproximação ideológica e histórica e pelo alinhamento no projeto econômico neoliberal. A jogar contra essa aliança, pesa as dificuldades do candidato em seu desempenho registrado nas pesquisas eleitorais. No entanto, não podemos fechar os olhos para a realidade. A decisão do “Blocão” pode mudar completamente a correlação de força entre os candidatos, fazendo com que Alckmin se torne um candidato competitivo, principalmente quando começarem os programas eleitorais de TV, em que terá mais de 40% do tempo total. Bem, a parte superior, a cúpula dos conservadores já definiu suas estratégias, falta agora saber se o candidato vai romper o que as pesquisas teimam em afirmar e se torne de fato um candidato competitivo, aproveitando seu longo tempo de programa eleitoral, enganando mais uma vez os brasileiros.

Já Ciro Gomes é o que poderemos chamar de o imponderável. Ao mesmo tempo em que procura alianças à esquerda com o PSB e PCdoB, continua a jogar confetes para o “Blocão”, buscando garantir, se não todo, pelo menos uma pequena parte desses partidos conservadores, tentando, com isso, aumentar o seu tempo de TV (importantíssimo) e alguns palanques substantivos nos estados.

A favor de Ciro, pode ocorrer descontentamentos de alguns partidos com o acordão fechado com o PSDB, e a sua possibilidade (ainda) de chegar ao segundo turno, embalado pelo discurso inflamado (ou inflado) de oposição ao Governo Temer, e suas promessas de revogar os malfeitos desse Governo – vide declaração sobre a venda da Embraer-, apresentando uma perspectiva econômica contrária à atual, que o mantém vivo na disputa. Além do que, esse discurso atrai um grande contingente de eleitores da esquerda e dos progressistas, e poderá  arrebanhar bastantes votos dos 33% de Lula caso esse não venha a se candidatar (o mais provável). Ciro continua no jogo, apesar de ter levado um “rude golpe”.

Para o “Blocão”, as dúvidas em relação a Ciro esbarram em seu projeto econômico e seu destempero verbal. Mas, por outro lado, sabem eles que é melhor ter Ciro do que alguém do PT ou um Bolsonaro da vida. Se Alckmin não emplacar, mesmo com todo o tempo de televisão, não há dúvida de que Ciro continuará como a segunda opção. Tudo ainda é possível e continua em aberto até 15 de agosto.

Jair Bolsonaro, com dificuldades para atrair alianças com outros partidos – até mesmo para indicar seu vice – parece ter atingido o seu teto de intenções de votos nas pesquisas. Sem palanques expressivos nos estados e com pouco tempo de televisão, coloco em dúvida, pela primeira vez, as suas possibilidades de alcançar o segundo turno das eleições. Com o início do programa eleitoral, a tendência é que parte de seus votos possam migrar para outros candidatos.

Marina Silva, ao que parece, está fora do páreo. Não consegue esboçar uma proposta factível de governo nem ampliar alianças políticas. Não terá palanques minimamente estruturados nos estados nem tem tempo de televisão.

Lula, mesmo preso, lidera as pesquisas com 33% de intenções de votos. O mais provável é que não será candidato. No entanto, deverá lançar um nome para aglutinar a base partidária e boa parte de seus eleitores espalhados por esse Brasil, mantendo o espaço político, legislativo e, nos estados, construído em todos esses anos de disputas eleitorais. O candidato que reúne as maiores possibilidades no momento - e apontado internamente - deverá ser mesmo o nome de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

É certo que Lula não transferirá 100% dos seus 33% de intenção de votos apontados pelas pesquisas ao candidato por ele indicado. Boa parte de seus votos irão para Ciro Gomes (conforme pesquisas) e outros candidatos, além daqueles que anularão seus votos em protesto.

Entretanto, Haddad deverá herdar em torno de 15% desses votos, o que o faz um candidato competitivo. Para chegar lá, vai depender muito de seu desempenho no programa eleitoral. Haddad, além de tudo, contará com fortes palanques estaduais em vários estados, principalmente no Nordeste, o que será um obstáculo para Ciro Gomes. As alianças possíveis até agora se resumem ao PSB e PCdoB. Um ou outro partido menor, conservador, poderá compor essa aliança.

Haddad pode surpreender e tem reais chances de chegar ao segundo turno e ser o candidato eleito em 2018. Não duvidem.

Que horror, dirão os golpistas. Fizemos tudo isso que fizemos e esses pentelhos – sinônimo de petralhas – ganharão de novo. O “Blocão” sabe disso, e é isso que o leva a vacilar e manter Ciro como plano B.

Para a nossa grande alegria, Dilma é candidata ao Senado por Minas Gerais, e, segundo as pesquisas, está em primeiro lugar.

Então cantemos assim:

“Dilma maravilha, nos gostamos de você/Dilma maravilha, faz mais um pra gente ver./E novamente ela chegou com inspiração/Com muito amor, com emoção, com explosão e e e e e.................VOTO.

*RUI ROOSEVELT - Economista e Bancário aposentado do Banco do Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela participação!