Um debate necessário e urgente para o futuro do futebol brasileiro precisa ser feito e parece que os principais dirigentes de clubes do Brasil não tem a coragem de enfrentar o poder da Rede Globo. A nova distribuição das cotas de TV para o período 2016/2018 vai acabar com o atual equilíbrio do futebol brasileiro, é o caminho da espanholização, enquanto os principais países da Europa fazem o caminho ao contrário, inclusive a própria Espanha.
O mais grave é que este processo de priorizar apenas alguns clubes é irreversível. Isto é um processo que ocorre durante os anos e para reverter mais a frente fica praticamente impossível. O exemplo da Espanha não aconteceu no primeiro dia e sim um processo que aconteceu durante os anos e que foi aumentando a distância entre as duas equipes priorizadas, Barcelona e Real Madrid. Hoje o debate é como a Liga Espanhola refaz esta distribuição. O caminho de retorno seria pagar uma cota menor ao Barcelona e Real Madrid durante alguns anos e isto não vai acontecer. Falo isto para apontar a urgência deste debate aqui no Brasil antes que seja tarde demais.
A partir de 2016 o Flamengo e Corinthians receberão cerca de R$ 170 milhões cada anualmente, enquanto o Botafogo receberá menos da metade, R$ 60 milhões. A rivalidade será destruída e ficará impossível concorrer com tal diferença econômica. Para piorar a nossa situação, a Globo pagará na sequência R$ 100 milhões ao Palmeiras e Vasco e R$ 80 milhões ao Santos. O Botafogo fica no quarto grupo, juntamente com o Fluminense, Atlético/MG, Cruzeiro, Grêmio e Internacional, que irão receber apenas R$ 60 milhões. Por último aparecem, Coritiba, Goiás, Sport, Vitória, Bahia e Atlético/PR, que irão receber R$ 35 millhões.
A diferença brutal vai acabar com o Campeonato Brasileiro que é um produto único, onde mais de 10 times entrar com chances de disputar o título. Onde isto acontece no mundo? Portanto, chegou a hora de reabrir o debate ou será o fim e vamos assistir apenas a disputa de dois ou três clubes pelas principais colocações do futebol brasileiro. Os presidentes do Botafogo, Fluminense, Atlético/MG, Cruzeiro, Internacional e Grêmio deveriam puxar este movimento e trazer os demais clubes para um novo debate. Se depender do Flamengo e Corinthians e mais alguns, nada mudará.