Adriana Nalesso, Juvândia Moreira, Nilton Damião e Emanoel Souza |
O impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) e a sua substituição pelo governo de Michel Temer (PMDB) é um golpe contra a democracia, que tem como objetivo atender aos interesses dos grandes grupos econômicos, como os bancos, de reduzir o custo da mão de obra, cortando direitos trabalhistas e previdenciários, ampliando a terceirização, aumentando o arrocho salarial e privatizando estatais...
...Isto explica o porque que os trabalhadores não podem e não devem apoiar este governo ilegítimo. Mesmo aqueles que não morrem de amores pela presidente golpeada, Dilma Rousseff, afinal ela no poder, nós trabalhadores temos a certeza que direitos elementares da classe trabalhadora serão preservados.
Por isso mesmo, a campanha nacional dos bancários deste ano, para preservar direitos e conquistar avanços, deve ter como uma de suas ações principais a luta contra o golpe.
Esta foi a conclusão dos palestrantes que participaram do debate sobre as perspectivas da campanha da categoria, nesta terça-feira (28/6), no auditório do Sindicato. Para Juvândia Moreira, diretora da CUT Nacional e vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Emanoel Souza, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), e Nilton Damião, presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do RJ/ES (Fetraf-CUT), não apenas os bancários mas todas as categorias devem entender a ligação direta existente entre o arrocho econômico com ataques aos direitos dos trabalhadores que o governo golpista pretende impor e as campanhas salariais.
O economista do Dieese Fernando Benfica fez uma explanação sobre o contexto nacional e do sistema financeiro em que ocorrerá a campanha salarial.
Projetos contra o trabalhador
Emanoel foi enfático ao afirmar que a campanha deste ano tem que ter como centro o combate ao golpe, convocando os bancários a participarem das mobilizações contra o impeachment. "Existe muita dúvida no ar, mas todos têm que entender que o golpe está sendo dado para retirar uma série de direitos do trabalhador. Falam da reforma da Previdência, em fixar a idade mínima em 70 anos, em cortar pensões pela metade. Mas a coisa é muito mais grave", avaliou. Lembrou que há 55 projetos de lei acabando com uma série de direitos para serem votados pelo Congresso Nacional, só esperando passar o impeachment. "Um deles é o PL que permite a terceirização total. Vem também a privatização das estatais, o projeto que faz valer o negociado sobre o legislado, a retirada de direitos trabalhistas, além do ajuste fiscal que vai diminuir os investimentos do Estado na economia, aumentar impostos, trazendo mais desemprego e arrocho salarial. Além de agravar a situação geral do país, trazendo ganhos apenas para os ricos, todas estas mudanças impactarão negativamente a negociação da campanha deste ano", argumentou. Na sua opinião, a luta tem que ser pela derrubada do impeachment, para que Dilma convoque plebiscito para decidir sobre a realização de eleições gerais.
Defesa da unidade
Para Nilton Damião, dizer que a campanha deste ano vai ser difícil é chover no molhado. "Os trabalhadores vão ter que enfrentar os bancos e um governo golpista, ambos aliados. O tão falado ajuste fiscal pode fazer com que os bancos públicos tentem ser mais duros nas negociações, tendo impacto sobre toda a campanha", avaliou. A saída, para o sindicalista, é lutar contra o governo interino de Temer e seu projeto nocivo aos trabalhadores. Temos que manter a nossa unidade e dizer não a este governo golpista", defendeu.
Juvândia acredita que o sucesso da campanha salarial depende da manutenção da unidade e da força dos bancários. "Vivemos um momento difícil da nossa história. Mas temos a nosso favor o fato de sermos uma categoria que faz uma campanha unificada nacionalmente, negociando uma única Convenção Coletiva, que engloba bancos públicos e privados. É uma força enorme que tem que ser levada em conta quando se fala em enfrentar os desafios que se apresentam", afirmou. Frisou que, para avaliar a campanha, é preciso lembrar que vivemos um golpe, um ataque à democracia que está sendo feito para reduzir direitos dos trabalhadores.
"Temer fala em privatizar, em fixar idade mínima de 70 anos para a aposentadoria, em cortar recursos para a saúde, educação, habitação, da casa própria. Qual é o bancário do Itaú, por exemplo, que vai conseguir se aposentar? A mudança na Previdência atinge principalmente as categorias de classe média, como os bancários, já que somente 29% dos trabalhadores se aposentam, hoje, por tempo de serviço. Por que não fazem mudanças aumentando o imposto sobre os ricos, como os bancos. Por que têm que tirar dos trabalhadores, dos pobres? Temos que dizer não a este projeto", afirmou. Na análise que fez, Juvândia chamou a atenção para o fato de que as forças conservadoras, derrotadas nas eleições, tiveram que se associar a aliados do governo para dar o golpe, e, desta forma, atender aos interesses dos ricos e tentar implantar um modelo excludente que atende aos grandes empresários, interessados em reduzir o custo com a mão de obra para enriquecer mais.
Para a vice-presidente da Contraf-CUT, é importante na campanha deste ano a unidade dos bancários para defender a democracia e derrotar o golpe e chegar a um bom acordo com os bancos. "Na campanha salarial temos que nos mobilizar e participar das manifestações contra o impeachment. Fazer isto é defender nossos direitos", defendeu. A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, mediadora dos debates, fez questão de frisar, ao final dos debates, que o importante neste momento é resistir ao golpe. "Disto depende o futuro dos nossos filhos", completou.
Fonte: Bancários Rio