Passa ano e entra ano, a história se repete com sucessivas derrotas e eliminações frustantes do Botafogo, nas competições que disputa. São 23 anos sem uma conquista nacional de peso, neste período apenas conquistas regionais, pequenas demais para o tamanho de clube que sonhamos.
Não enxergo um futuro promissor no fim do túnel, afinal a mentalidade e o modelo de gestão são os mesmos de 30 anos atrás. O Botafogo precisa mudar sua mentalidade interna e partir para a profissionalização da gestão, com objetivos claros e transparentes, além de avançar na sua democratização interna, aproximando o seu maior patrimônio, a torcida, para iniciar um processo vigoroso de ressurgimento do Glorioso como potência no cenário do futebol nacional e internacional. Não vejo qualquer tentativa de recuperação do clube longe da sua torcida.
As gestões do ex-presidente Maurício foram desastrosas para o clube, mas o processo de degradação do Botafogo não é de hoje. Este modelo amador faliu a muito tempo, os clubes que persistirem neste caminho terão o mesmo destino do nosso co-irmão, América FC. Temos que parar de "tampar o sol com a peneira" e entender que todo este processo está nos levando a falência.
Todos os presidentes que entraram disseram que pegaram o Botafogo quebrado. Até acredito que seja verdade. É a maior demonstração que o modelo é que está falido.
Quem não se lembra do discurso de início de gestão do Bebeto de Freitas? "Um caos total! Encontramos o clube sem um centavo, não sabemos nem o tamanho da dívida, os HD's dos computadores foram roubados, não temos nem uniforme de jogo para as equipes entrar em campo, oito meses de salários atrasados de jogadores e funcionários...".
Lembram da frase do Maurício quando assumiu? "Uma tragédia! Salários atrasados, sem condições de investimentos, teremos que começar do zero".
Lembram da frase do Carlos Eduardo? "A luta agora é pela sobrevivência do Botafogo, o que fizeram com o clube é um caso de polícia...".
Precisamos avançar para um modelo de gestão que tenha capacidade de alavancar nossas finanças, com conhecimento do mercado, que possa vender nossa marcar e tornar o nosso maior patrimônio físico, o estádio Nilton Santos, numa fonte de receitas, como já fazem outras arenas pelo mundo. No Rio de Janeiro, quem conseguiu entrar no calendário internacional dos grandes shows foi o Maracanã. Em São Paulo, o Morumbi e a Allianz Parque do Palmeiras.
Mas hoje, o Botafogo é dirigido por um grupo político sectário, que se acha dono do Botafogo, que representa bem o pensamento pequeno e medíocre que impera dentro do clube. Fazem parte de uma pequena "casta" que se recusa abrir o clube democraticamente e não busca a unidade de todos os botafoguenses em torno de um projeto democrático, sustentável e profissional.
O direito ao voto do sócio torcedor vem se arrastando desde a reforma estatutária, onde aprovaram uma proposta para "inglês ver". É para ninguém aderir e o clube continuar a ter seus destinos decididos por pouco mais de mil associados. Afinal de contas quem vai pagar mais R$ 53,00 (no mínimo), além do que já paga no atual plano de Sócio Torcedor, durante 24 meses, para ter apenas o direito ao voto? Mesmo assim, a atual gestão se utiliza da mesma tática da gestão anterior, vai empurrando o debate com a barriga e não regulamenta nem o que já foi decidido pelo Conselho Deliberativo. Afinal de contas o pensamento é o mesmo.
Minhas críticas não são pessoais e sim, no caminho que estão levando o nosso Botafogo. O clube não pode esperar mais por uma mudança radical na sua mentalidade interna. As lideranças com poder de influência precisam entender isto como urgente e necessário, ou vamos diminuir a cada ano, a cada derrota e eliminação humilhante.