quinta-feira, 29 de agosto de 2013

MAIS MÉDICOS, O VERDADEIRO DEBATE

O debate sobre o Programa Mais Médicos do Governo Federal, que busca médicos estrangeiros para suprir a falta de médicos em algumas regiões do país, vai muito mais além. A visão de classe e de mundo é o que dividi este debate tão acalorado, em certos momentos. Os que defendem contra o programa, não querem a igualdade de oportunidades. Quando falo sobre a visão de classe, isto fica claro na declaração da jornalista, que disse, nas redes sociais, que as médicas cubanas, não tem aparência de médicas e sim de empregadas domésticas. Sem mais comentários, lamentável! Deprimente!
 
No Brasil, em quase a totalidade de sua existência, o país sempre privilegiou uma minoria, que sempre teve acesso aos bons hospitais, aos melhores médicos, as melhores escolas e universidades, aos bens de consumo, aos melhores lugares para moradia, tudo o que o país poderia oferecer de qualidade, sempre ficava nas mãos de uma minoria.
 
Recepção dos estudantes aos médicos estrangeiros
Hoje os médicos brasileiros são fruto deste processo, que começa com a possibilidade de estudar numa boa escola e ter uma ótima formação e assim adquirir mais possibilidades de assumir uma vaga em alguma universidade pública. Posso afirmar que a possibilidade de um brasileiro ou brasileira, que vem de classes menos favorecidas da nossa sociedade e estudando em escolas públicas - que infelizmente, tem uma qualidade inferior de ensino - de se tonar um médico ou uma médica em nosso país, é de menos de 10%. Por isto que em sua grande maioria, os médicos são das classes mais favorecidas, brancos e que estudaram em escolas particulares, com raras excessões. Não podemos também esquecer, que os estudos dos que se formaram em universidades públicas, foram pagos pelo governo, dinheiro público, portanto com o dinheiro dos meus impostos.
 
Os que são contra os mais médicos, são os mesmos que são contra as cotas nas universidades. São os que não querem dividir as oportunidades. Não podemos admitir, que ainda exista uma grande quantidade de brasileiros, que estão sem a oportunidade de ter acesso a médicos para tratar da sua saúde. Estamos falando da saúde básica e preventiva.
 
Infelizmente, o corporativismo da medicina trata a nossa saúde com reserva de mercado. A lógica é a seguinte: Eu não quero ir para o interior, mas também não deixo ninguém ir, afinal é o meu pais e estrangeiro não pode cuidar do meu povo. Deixa ele lá morrer de diarréia, que um dia quem sabe, eu vou até lá, dá algumas orientações, prefiro fica aqui na cidade onde ganho melhor e tenho mais condições de trabalho, afinal no interior vou ganhar só (?) R$ 10 mil e não tenho boas condições de trabalho. Mas por R$ 25 mil eu vou! Onde esta o juramento da medicina?
 
Tem locais no Brasil, que não teve nenhum interesse de algum médico aderir ao programa, como é o caso do interior de Rondônia, Roraima, Amapá e nas populações ribeirinhas do Amazonas e do Pará, o que fazemos? Deixamos a população local continuar a morrer de diarréia, por falta de médicos e orientação?
 
A questão da remuneração dos médicos cubanos foi amplamente repercutida, nos últimos dias, a remuneração que eles vão receber, tratou de ser esclarecida pelo médico Rodolfo Garcia em nome dos demais colegas. “Estes médicos que estão aqui estão habituados a trabalhos de cooperação com outros países. A remuneração não é o que está pesando para nós no trabalho. Temos estabilidade de emprego e salário certo em Cuba, que ficará guardado enquanto estivermos aqui. E receberemos o suficiente para custear nossas despesas no Brasil. O dinheiro que vai para lá contribuirá para ajudar a saúde da população cubana e a reforma de hospitais, que lá são todos públicos, com vocês sabem”, colocou.
 
Chega desta falsa polêmica e assumam a verdadeira face, querem na verdade manter os seus interesses em detrimento da maioria da população. esta é a minha opinião. Pronto falei!

Um comentário:

  1. Boa reflexão Vinícius, mas queria que você aprofundasse essa discussão. Eu entendo que os Conselhos de Medicina, tanto Federais quanto Regionais estão vendidos para os grandes laboratórios e suas drogas poderosas e caras que só ricos podem pagar. Você tem como exemplo o Liptor que os que podem tomam para diminuir o colesterol. Eu fui a Cuba e lá por conta do boicote americano eles desenvolveram e produziram um remédio para colesterol melhor e gratuito para a população, mas têm carência de analgésicos. Está tudo dominado por esta indústria assassina. Já pensou se a moda pega por aqui e o povo descobre que não precisa de todas estas drogas? Esse é o pano de fundo da reação exacerbada, bjs

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