quarta-feira, 15 de abril de 2015

ENTREVISTA DO GERENTE DA BASE DO BOTAFOGO

Uma nova concepção precisa ser implantada
O Site FutNet, entrevistou o gerente geral da divisões de base do Botafogo, Eduardo Freeland, que atua em conjunto com o diretor da base, Manoel Renha. A entrevista fopi muito boa e realizada pelo jornalista, Vinícius Carvalhosa. 

Por causa das dificuldades financeiras o Botafogo resolveu apostar nas soluções caseiras e vem buscando novos valores dentro do Estado do Rio de Janeiro. “A gente tem um projeto em andamento. Nosso foco principal é o nosso estado, pelo momento do clube e por acreditar que o Rio de Janeiro é riquíssimo em atletas. A gente não tem uma rede de captadores, então focamos muito no Rio mesmo. Se temos vários jogadores daqui jogando em outros estados, nossa responsabilidade é que esses caras tenham chance primeiro no Botafogo”, explicou Freeland.

Na base, ser campeão não é o fundamental

A formação de jogadores no Brasil não vem sendo das melhores nos últimos tempos. E um dos principais motivos, de conhecimento geral, é o calendário da base no país – que não é unificado pela CBF com as federações. Para o gerente alvinegro, isso prejudica bastante a formação. “Teve uma reunião dos gestores em São Paulo e um dos principais pontos abordados foi o calendário de base. O futebol brasileiro é mal dividido. Um processo de quase dez anos de formação e somente quatro ou cinco anos competitivos (os anos ímpares que são usados para competições de seleções de base). O atleta de 16 anos que já tem idade pra fazer contrato profissional não tem calendário competitivo pleno”, lamentou.

Para Freeland, as maiores dificuldades ficam para os jogadores de 16 anos e os de 18. Para o primeiro grupo, depois de muita luta a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) criou o Torneio Guilherme Embry. Mas os de 18 anos, geralmente recém-promovidos do juvenil para os juniores, ficam atrás de jogadores até dois anos mais velhos (os juniores reúnem três gerações) e poucos conseguem espaço no primeiro ano. “A gente pensa em criar uma categoria sub-18 pra minimizar o problema do calendário, mas ainda não deu pra fazer. Nosso planejamento é estimular mais os 95 e 96 agora, até para serem vistos pelo time profissional e eventualmente serem aproveitados lá, o que já está acontecendo com o Dierson (volante 95 recém-promovido ao profissional). Nossos principais 97 permaneceram, o Lima, o Alison, o Lucas Campos (os três são meias-atacantes), entre outros. O planejamento é que tenham mais espaço no segundo semestre, mas já vão começar a ter espaço a partir de abril ou maio”, revelou, confirmando que a política da nova diretoria é trabalhar com qualidade, e não quantidade, nos times de base.

O sonho!
No ano de 2015, as gerações de base do futebol carioca ficam assim divididas: juniores, ou sub-20, contam com os nascidos em 1995, 96 e 97; o juvenil, sub-17, com os 98 e 99; e o infantil, sub-15, com os 2000 e 2001. Há exceções, como o Vasco, que vem dando espaço já nos juniores para seus maiores destaques 98, como os meio-campistas Andrey e Matheus Pet e o atacante Evander, mas no geral a divisão se dá como acima descrito. 

Campeã carioca sub-15 no ano passado, a geração 99 do Bota se juntou em 2015 aos 98, grupo considerado dos mais fortes da base alvinegra e que teve diversos titulares no sub-17 do ano passado mesmo estando primeiro ano de categoria. Enquanto os 98 vão começar agora a temporada com a disputa da Copa do Brasil Sub-17, os 99 – incluindo o volante Bruno Maradona e os atacantes Enrico e Coutinho, destaques do time – ainda não vão participar para não forçar a transição. “A gente dividiu as categorias por anos de idade. O ideal para esses meninos é dar estímulos respeitando a idade para não atrapalhar o processo de formação deles. Temos alguns 99 treinando com o grupo de 98, mas o nosso foco é dar estímulo maior aos atletas 98. Quando eu boto meninos 99 com os 98, tenho duas situações: primeiro, posso queimar etapas do 99; segundo, ele pode estar ocupando o espaço de um 98. No sub-20 é onde a gente costuma dar mais abertura para qualquer idade ser utilizada. Mas até o sub-17 a gente procurar respeitar as diferenças de idade”, avaliou Freeland.
A Realidade!
O Glorioso disputa a Copa do Brasil Sub-17. Com os principais destaques do time mantidos no elenco – como o volante Matheus Fernandes (pré-convocado para a Seleção Sub-17 que disputa o Sul-Americano), os meias Ion e Mateus Jorge e os atacantes Wenderson e Luís Henrique, a expectativa é grande, mas o título nunca pode ser mais importante que a formação na filosofia implantada por Freeland em General Severiano.

“A gente acredita em fazer um ótimo papel no ano com essa categoria 98, muito competitiva e de ótimos valores individuais. O título é importante para termos atletas vencedores, acostumados a ganhar na base, mas não pode ser o objetivo final. A gente não vai ganhar a qualquer custo, a gente vai ganhar dentro do nosso modelo de formação que já está muito bem estruturado aqui. Temos conteúdo a serem desenvolvidos com os atletas ano a ano, para que quando cheguem aos juniores e ao profissional eles tenham um vasto nível de informação do que é o futebol. A gente briga pra ser campeão, entra sempre pra tentar o título, a gente tem equipe pra isso, mas não é o objetivo principal da formação”, argumentou.

Wenderson se envolveu em polêmica no ano passado quando sumiu na hora de assinar o primeiro contrato profissional e apareceu treinando no Corinthians – com a mudança de diretoria, acabou voltando ao Bota. Ele, no entanto, não foi o único jogador da geração 98 que o clube perdeu para o Timão recentemente, e todos por não entenderem o projeto de formação alvinegro. Antes, saíram o meia Matheus Moresche em 2013 e o lateral-esquerdo Alexandre e o atacante Pablo em 2014, os três com passagens por seleções de base. “A parte dentro de campo é muito importante, mas temos um perfil de atleta. A gente fez uma aproximação maior com as famílias e as escolas. Muitos não entendem que o objetivo maior é a formação, eles querem que o filho seja titular absoluto. Nós liberamos o Matheus Moresche e o Alexandre não por decisão nossa, foi da família deles. Achavam que os filhos tinham que ser titulares absolutos e ter regalias, e a gente não entende assim. Já o Pablo tinha comportamento muito ruim, e mesmo sabendo que tecnicamente era muito bom jogador, preferimos liberar. Se a gente dá essas regalias pra atletas de 15 ou 16 anos, que atletas estamos formando?”, finalizou.

Em 2015, as divisões de base do Botafogo ainda têm pela frente algumas competições. Os juniores já passaram pela Copa São Paulo, estão na disputa do Campeonato Carioca Sub-20 e vão jogar a Copa do Brasil Sub-20, o Campeonato Brasileiro Sub-20 (agora chancelado pela CBF) e o Torneio Otávio Pinto Guimarães (espécie de estadual da categoria no segundo semestre). Já os juvenis têm a Copa do Brasil Sub-17, a Copa Rio Sub-17, o Campeonato Carioca Sub-17, a Taça Belo Horizonte (que passa a ser sub-17 este ano) e o Campeonato Brasileiro Sub-17 (que era sub-20, organizado pela Federação Gaúcha, em dezembro), além do Torneio Guilherme Embry Sub-16 para os nascidos em 1999. Por fim, o infantil já disputou a Copa Votorantim Sub-15 em janeiro e ainda participa do Campeonato Carioca Sub-15.


Um comentário:

  1. O Trabalho parece que foi bem feito ou pelo melhorou na última gestão. Acho que foi a única coisa que o ex-presidente deixou de bom!

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