segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O BOTAFOGO PRECISA ROMPER COM A MESMICE


No último dia 15, uns dos principais grupos políticos do Botafogo, A FRENTE ALVINEGRA, publicou na sua página no Facebook, uma avaliação do ano de 2017 e o que pensa de futuro para o Botafogo de FR. Vejam abaixo na íntegra o documento.

O BOTAFOGO PRECISA ROMPER COM A MESMICE!

Em fins de 2016, divulgamos um documento congratulando a diretoria do Botafogo por ter conquistado, em apenas dois anos, a honrosa subida em campo para a série A e a vaga na Libertadores. Mas, ao mesmo tempo em que parabenizávamos os acertos - dentre eles a gestão financeira responsável (pautada no princípio básico de não se gastar mais do que se arrecada) -, chamávamos a atenção para a necessidade de maior abertura, transparência e profissionalismo na gestão do clube. 

Infelizmente, essa não é uma receita que agrada àqueles que se julgam os próceres do Botafogo. Por conta disso, mais uma vez o clube pagou pela falta de profissionalismo e por não contar com pessoas do ramo nos lugares certos. Sem novas receitas, e com a perda do comando no futebol, o clube amargou um prejuízo financeiro e esportivo enorme para a temporada 2018.

A REPETIÇÃO DOS ERROS E A MANUTENÇÃO DA MENTALIDADE PEQUENA DESTROEM UM MOMENTO VIRTUOSO

Em 2017, a apaixonada torcida alvinegra respondeu ao chamamento e apoiou o clube em várias ações: aderindo ao Programa Sou Botafogo, que chegou a mais de 36 mil adesões; a boa ocupação média do estádio Nilton Santos, empurrando o time nos jogos e fazendo belas festas cujas imagens rodaram o mundo; comprando as cadeiras para ajudar na personalização do estádio Nilton Santos, gerando uma receita de aproximadamente de R$ 525.000,00. Contudo, novamente veio o sentimento de frustração com a derrocada do time na reta final, que ficou fora da Copa Libertadores de 2018, cuja classificação era o mínimo que a torcida esperava e merecia.

Infelizmente, a casta que domina o clube ao longo de sua história não consegue enxergar que o Botafogo só conseguirá voltar a disputar grandes títulos com a participação mais próxima da torcida, a verdadeira e única dona do Botafogo de Futebol e Regatas. A atual diretoria repete os erros do passado e não compreende a necessidade da abertura democrática como estratégica para o fortalecimento do clube. 

A incorporação do sócio torcedor à vida do clube é um passo importante para fidelizar o torcedor e criar mecanismos que permitam o financiamento, a oxigenação e a democratização do clube. A Frente Alvinegra vem defendendo essa proposta já há alguns anos e se orgulha de ser pioneira na defesa dessa bandeira, que acabou “abraçada” por outros setores do clube. Mas até que ponto esse abraço foi verdadeiro? 

ELEIÇÕES PARA OS MESMOS

É absurdo que um clube como o Botafogo tenha seu presidente eleito com 816 votos, num processo no qual apenas 2.015 sócios estavam aptos a votar e, mesmo assim, apenas 1.100 compareceram às urnas. Ah, dirão os membros da corrente política que dirige o clube, mas na próxima eleição o sócio torcedor já vai votar. Será? 

Em agosto, o clube aprovou, em assembleia geral extremamente esvaziada, fruto de uma divulgação praticamente inexistente, uma reforma do estatuto que, em tese, assegura ao sócio torcedor o direito a voto nas eleições do clube. Para se ter uma ideia do desleixo dispensado à assembleia, apenas 145 associados compareceram à reunião da instância máxima do clube.

VEJA PORQUE O SÓCIO TORCEDOR CONTINUARÁ ALIJADO DA ELEIÇÃO

O caput do Art. 25 do estatuto aprovado prevê que o sócio torcedor “pagará uma taxa de manutenção fixada pelo Conselho Diretor não inferior a 1/3 (um terço) da taxa de manutenção do sócio proprietário”, ou seja, algo em torno de R$ 53,00. 

Já o Art. 29 determina, em seu inciso primeiro, que o sócio torcedor poderá “participar da assembleia geral, nela votando, desde que satisfaça as exigências estatutárias”. 

Por sua vez, o inciso segundo do Art. 45 detalha que “o sócio torcedor, cujo ingresso seja anterior a 24 (vinte e quatro) meses da data da assembleia geral, exercerá o direito de voto.

Pois bem, está claro que para poder votar o sócio torcedor deverá pagar uma taxa de manutenção que será fixada pelo Conselho Diretor, independentemente do que ele já pague ao clube hoje. Se tal definição não for feita antes de novembro de 2018, estatutariamente será impossível a um sócio torcedor cumprir a exigência de 24 meses de contribuição, para poder exercer seu direito de voto.

UMA PROPOSTA QUE DESVALORIZA QUEM VAI AOS JOGOS E ACOMPANHA O CLUBE E O TIME DE PERTO 

Pelos valores do Sou Botafogo para 2018, o plano básico (Botafogo no Coração) apresenta um custo de R$ 13,90/mês. Já os custos dos principais pacotes ficam em: R$ 240 (R$ 20/mês) para o Pacote Norte; R$ 540 (R$ 45/mês) para o Pacote Leste; e R$ 700 (R$ 58,33/mês) para o Pacote Oeste. Considerando que, para poder votar, o sócio torcedor precisará pagar uma taxa de manutenção não inferior a 1/3 da taxa mensalidade paga pelo sócio proprietário – hoje de R$ 160,00/mês -, esta será de, no mínimo, R$ 53,33/mês. 

Ou seja, um torcedor que não vai ao estádio e não acompanha os jogos do clube poderá votar se pagar R$ 67,23/mês (13,90+53,33). Já os assinantes do Pacote Norte, Leste e Oeste – que acompanham e apoiam o time rotineiramente -, para poderem votar, terão que desembolsar, por mês, respectivamente R$ 87,23 (13,90+20+53,33), R$ 112,23 (13,90+45+53,33) e R$ 125,56 (13,90+58,33+53,33).

Fazendo uma conta diferente: um torcedor, além de pagar o que já paga para manter seu plano, terá que desembolsar, no mínimo, mais R$ 1.279,92 (53,33x24), para poder votar ao final de 2 anos de contribuição. Definitivamente, essa não nos parece uma política que recompense e valorize o sócio torcedor. Concordamos que deve haver uma linha de corte, mas esta deve privilegiar e recompensar aqueles que efetivamente apoiam e acompanham o time no seu cotidiano. 

O CLUBE PRECISA DEIXAR PARA TRÁS VELHAS PRÁTICAS POLÍTICAS QUE NÃO O ENGRANDECEM

A conhecida “farra dos novos beneméritos” demonstra que as velhas práticas continuam e a mentalidade não mudou. Foram concedidos 23 títulos de beneméritos e grandes beneméritos a uma ampla maioria de pessoas ligadas à diretoria e ao seu grupo político. Todos agora são membros vitalícios do Conselho Deliberativo. Isso demonstra que a corrente política que dirige o clube não tem compromisso com mudanças profundas na estrutura do Botafogo. A Frente Alvinegra quando faz esta crítica, que fique claro, não entra no mérito do merecimento ou não da honraria, mas entende que essas práticas só desqualificam e desvalorizam a homenagem.

Outro episódio revelador da total ausência de uma visão profissional por parte da direção foi a polêmica midiática sobre a proibição do clube da Gávea de jogar no estádio Nilton Santos, quando do assassinato de Diego, nosso torcedor. A posição que deveria ser assumida pela direção e tornada pública seria uma dura cobrança ao poder público pela punição rigorosa dos envolvidos no crime, bem como a exigência de segurança nos jogos do Botafogo como mandante. Cabia à direção, ainda, provocar o debate sobre a viabilidade ou não de se ter 50% dos ingressos para cada torcida nos clássicos. 

O VINHO VIROU VINAGRE

Vivíamos um momento mágico, com a torcida recuperando sua autoestima e o Botafogo voltando a ser respeitado pela mídia e, até mesmo, pelas torcidas adversárias. Mas, de repente, o sonho acabou. Pior, virou pesadelo. Mas o que aconteceu?

Um dos fatores que ajudam a explicar o porquê de o vinho ter virado vinagre está na soberba e no sentimento de autossuficiência de parcelas majoritárias da corrente hegemônica na direção do clube, que acha que sozinha – e com uma gestão que tem orgulho de bater no peito e se autoproclamar amadora -, pode resolver os problemas do Botafogo. Faltou à gestão eleita em 2014 não somente a magnanimidade dos vencedores, mas a humildade para reconhecer que, com diálogo e trabalho conjunto com outros setores, mais poderia ser feito. 

GESTÃO FINANCEIRA: APERTAR O CINTO SIM, MAS NÃO PODEMOS MATAR O PACIENTE POR ASFIXIA

Um dos legados positivos da gestão do presidente Carlos Eduardo Pereira foi o freio de arrumação dado nas contas do clube, revertendo uma dinâmica de gastos irresponsáveis que conduziam o Botafogo, a passos rápidos, à insolvência. 

Louvamos o regresso do clube ao Ato Trabalhista e o esforço para o pagamento das dívidas em dia. Também reconhecemos como importantes as negociações que nos levaram ao patrocínio da Caixa. No entanto, avaliamos que faltou maior efetividade nas ações visando a ampliação da capacidade de gerar receitas novas. O estádio Nilton Santos continua subutilizado, o programa de sócio torcedor segue com uma adesão abaixo de seu potencial e são pífios os resultados dos esforços para a conquista de novos parceiros (patrocinadores). Enfim, se por um lado é necessário um aperto de cinto, este deve ser acompanhado por uma política de geração de receitas novas.

É corrente o discurso de que 2018 será um ano crítico para o Botafogo. É fato, pois atravessamos os anos de 2016 e 2017 graças ao Profut (que propiciou a anistia de um montante expressivo de nossa dívida) e às antecipações de receita da Globo (que a diretoria jura que não fez, alegando semanticamente que eram luvas). Não fossem essas receitas, o clube não teria fechado suas contas e cairia por terra o discurso de gestão financeira competente.

Fica, por fim, o sentimento de que poderíamos ter ido mais longe, conquistando a América. Mas, para isso, faltou uma ousadia responsável e, principalmente, uma visão mais profissional do mercado.

Vem 2018 e com ele novas dificuldades orçamentárias. Não temos time para ganhar campeonatos e com isso a torcida vai minguando, assim comprometendo o futuro do Botafogo como potência esportiva. A saída é colocar gente de mercado nos lugares estratégicos da gestão. Ousadia, com responsabilidade, é a única saída para mudarmos de patamar. Do contrário, estaremos condenados a sermos um clube acostumado a esparsas conquistas regionais e apenas buscando classificação em torneios internacionais. Isso é muito pouco para a nossa história e o que queremos para o Botafogo no futuro.

Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2018

FRENTE ALVINEGRA – EM DEFESA DO BOTAFOGO

3 comentários:

  1. Grande Nota, muito bem embasada e também acho que a saída é a participação mais próxima da torcida e do profissionalismo. Parabéns...

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  2. Muda a Mentalidade do Botafogo já ou a morte virá em doses homeopáticas, como vem acontecendo.

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  3. Parabéns pelo comentário e a mais pura realidade

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